Todo ano, a Organização Marítima Internacional (IMO) define um tema para celebrar o Dia Marítimo Mundial. Em 2015, o tema escolhido para marcar a data, comemorada nesta quinta-feira, 24 de setembro, é “Educação e Formação Marítimas”, com o objetivo de destacar a importância da adequação e da qualidade da capacitação profissional como condições básicas para garantir a segurança e a sustentabilidade do transporte marítimo.
O secretário-geral da IMO Koji Sekimizu lembrou que, num momento em que o mundo está assolado por conflitos e crises, é fácil esquecer que a indústria de transporte marítimo internacional trabalha silenciosa e eficientemente para manter as rodas do comércio mundial girando e para garantir a entrega pontual de mercadorias e produtos básicos. Ele declarou que normas eficazes de formação continuam a ser a base de uma indústria de transporte seguro e protegido, que precisa preservar a qualidade, habilidades práticas e competências dos recursos humanos qualificados. Para Sekimizu, o tema do Dia Marítimo Mundial de 2015 estimula a reflexão sobre a importância de haver quantidade e qualidade suficientes de educação e formação disponíveis para atender às necessidades do setor, agora e no futuro.
Opção por mão de obra barata se opõe ao discurso da IMO
Reconhecido e respeitado internacionalmente pelo seu histórico de luta permanente em defesa do marítimo mercante brasileiro, e com destacada atuação na capacitação profissional – por meio da Fundação Homem do Mar e o seu Centro de Simulação Aquaviária, um dos mais modernos do mundo – o Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (SINDMAR) aponta a distância entre o discurso da IMO e o que vem ocorrendo, na prática, no dia a dia da indústria de transporte marítimo.
Para o presidente do SINDMAR, Severino Almeida, existe uma lamentável hipocrisia na abordagem do tema do Dia Marítimo Mundial, apesar do enfoque positivo dado pela IMO. Ele observa que a Organização Marítima Internacional “esquece” que é cada vez maior o seu distanciamento de algum compromisso com o emprego de marítimos nacionais nos navios do tráfego internacional. “Mais e mais, a marinha mercante internacional está virando um clube para aqueles que trabalhem pelo menor custo, não importando que o interessado seja um aborígene ou um sobrevivente de conflitos sociais que enxergue o mar como fuga de suas situações deploráveis”, afirmou Severino.
“Francamente, todos os dias, os tradicionais e verdadeiros marinheiros têm do que se orgulharem da contribuição que deram e ainda dão ao transporte marítimo no comércio internacional. A hipocrisia da IMO é dispensável e em nada contribui para manter nacionalidades tradicionais marítimas na atividade marinheira”, concluiu o presidente do SINDMAR.