
Cecília Rodrigues
Como esperado, o 2º Encontro Sindmar Mulheres, realizado na quinta-feira (27), foi um sucesso, com uma boa participação de marítimas, tanto em acesso on-line quanto presencialmente, na sede do sindicato. O indicador apresentado na ocasião trouxe uma novidade: armadores que antes não ocupavam uma boa posição na apuração do índice, realizaram avanços relacionados à presença feminina a bordo dos navios que operam e, agora, figuram entre os primeiros colocados.
A Subsea 7, que estava em sexto lugar no 2º Indicador Sindmar Mulheres, publicado em setembro de 2024, neste último saltou para a primeira posição. Já a CBO, que ocupava a 10ª colocação, passou para quarto lugar.
“Mostra que as empresas estão correndo atrás de melhorar a sua participação no indicador e isso é muito positivo pra gente”, disse a coordenadora do Sindmar Mulheres, Cecília Rodrigues.
Embora os números gerais mostrem que a participação feminina na Marinha Mercante tem se mantido na média nas três edições do Indicador Sindmar Mulheres – 12,8% (1ª), 12,67% (2ª) e 12,77% (3ª) – a representação sindical comemora o fato de empresas estarem buscando avançar no que diz respeito à equidade.
“A gente vê um número maior de empresas empregando mulheres nos cargos mais elevados a bordo. (…) é uma forma de a gente monitorar a participação feminina, mas também de incentivar as empresas a olharem com mais atenção para nossas representadas”, avaliou.
Além de Cecília Rodrigues, participaram do encontro a diretora de Relações Internacionais do Sindmar, Silvania Ferreira, e a diretora para Assuntos de Gênero e Juventude da Conttmaf, Lorena Silva – também integrantes da iniciativa Sindmar Mulheres. Ambas compartilharam informações sobre a atuação da representação sindical.
Conforme ressaltou Silvania, a iniciativa faz parte do plano estratégico do Sindmar e representa um canal por meio do qual as marítimas podem compartilhar relatos de sua rotina no trabalho a bordo e unir forças para que possam conquistar avanços para as mulheres no setor.

Silvania Ferreira
“Os números mostram que estamos progredindo. Os armadores estão se adequando. A partir de agora, a ideia é fazer com que esse indicador seja orgânico, tenha novos critérios, para que a gente possa acompanhar e monitorar ainda mais a presença feminina no mercado de trabalho”, declarou a dirigente sindical.
Sobre o encontro, Lorena Silva destacou que, além de ele possibilitar a troca de experiências, tem por objetivo reforçar o vínculo do Sindmar com as suas representadas, seja pela participação presencial ou a partir da contribuição feita remotamente durante a transmissão on-line.
“Foi mais um evento de muito aprendizado. Essa rede que está sendo construída nos aproxima, colabora com a luta coletiva e com a inclusão das nossas representadas nas projeções feitas pelos armadores nos planejamentos de gestão empresarial”, concluiu.
O 2º Encontro Sindmar Mulheres contou com palestras de especialistas como a assessora da FNTTAA e da Conttmaf, Ana Maria Canellas, que falou sobre “Regulação governamental e geração de empregos”, e as advogadas Cristina Stamato e Júlia Alexim, com a palestra “Desafios enfrentados por mulheres no ambiente profissional”.
O encontro terminou com uma aula especial da professora Maria Belén Gonzalez sobre técnicas para reduzir a ansiedade e o estresse provocados pela rotina laboral.
Sobre a programação
“Ao denunciarem o descumprimento de regras como a RN 6, a qual estabelece percentuais de tripulantes brasileiros a bordo de embarcações estrangeiras que atuam no Brasil, os representados e as representadas do Sindmar contribuem para a geração de mais postos de trabalho no setor. Embarcações de bandeira de conveniência os levam a enfrentarem condições miseráveis em embarcações abaixo do padrão. Os nossos marítimos são qualificados e devem ter prioridade na contratação, considerando que as empresas operam em território brasileiro” – Ana Maria Canellas
“A gente passa a ter, a partir da Norma Regulamentar nº 1, um importante avanço para que se consiga ter, junto com a empresa, com o trabalho do Sindicato, um protocolo do gerenciamento do risco da saúde mental dessas trabalhadoras. (…) Nem sempre elas têm um fórum, um lugar, um apoio para conseguirem tratar essa situação. Então, hoje, a gente destacou a importância dessa NR 1 do Ministério do Trabalho, que vem implementar esse gerenciamento de risco visando a proteção da saúde mental dos trabalhadores” – Cristina Stamato
“A mulher marítima vítima de assédio, vítima de qualquer forma de violência, ela deve procurar conversar com outras pessoas, porque esse diálogo a ajuda a entender a violência que está sofrendo e a ajuda a se sentir mais segura para dar os próximos passos. (…) É fundamental que haja um ambiente acolhedor, é essencial que as mulheres não sejam repreendidas ou penalizadas por fazerem denúncias, e é importante, também, que as empresas atuem para coibir esse tipo de prática que envolva violência de gênero” – Júlia Alexim
“A prática de exercícios de respiração é muito importante para as pessoas que trabalham embarcadas, porque traz o estado de presença, diminui o estresse, a ansiedade e a fadiga mental. Não tira o estado de pânico, mas você consegue o controle dessa emoção que domina o corpo. Você tem o controle de sua mente, de seus pensamentos catastróficos, pensamentos sufocantes, pensamentos que produzem ansiedade através de uma pressão fisiológica, mental, psicológica. Então, é muito importante desenvolver estes exercícios com frequência” – Maria Belén Gonzalez
“Não imaginava que ia ter tanta gente, porque o pessoal que trabalha embarcado nem sempre está disponível. E eu achei muito legal tudo o que foi debatido aqui, a troca de experiências” – CCB Laila Cabral

Saiba mais sobre a Iniciativa Sindmar Mulheres.
