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Com a seca histórica no Rio Amazonas, tripulações, equipes de praticagem e de assessoria náutica que atuam na região têm buscado descobrir rotas alternativas para driblar as dificuldades impostas pela crise climática e não paralisar o serviço de transporte de carga feito por navios.
A estiagem que está fazendo com que o nível da água baixe a ponto de não possibilitar a passagem de embarcações é associada, por especialistas, ao El Niño – fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico – e ao aquecimento anormal do Oceano Atlântico Norte, que reduzem a formação de chuva na Amazônia.
De acordo com monitoramento feito pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Rio Negro – o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas – atingiu o nível de 13,51m na última segunda-feira (16). Nesta quinta (19), baixou mais ainda: 13,29 metros.
“Este é o menor nível registrado nos 122 anos de acompanhamento do rio Negro no Porto de Manaus. Essa marca foi menor que os níveis mínimos registrados nas secas históricas de 2010 (13,63m) e 1963 (13,64m)”, diz a ANA em matéria publicada no site do governo federal.
O capitão de longo curso Patrick Telles, que atua na região e vem auxiliando o trabalho de sondagem e batimetria para que as embarcações naveguem em segurança, afirmou que o trecho entre Manaus e Itacoatiara vem apresentando dificuldades.
“Conseguimos retomar a navegação no Solimões, garantindo o abastecimento de GLP e petróleo para Manaus, mas a gente está com problemas no trecho entre Manaus e Itacoatiara, que dá saída para o mar. De tudo o que sai da Zona Franca, acredito que apenas 25% estejam sendo transportados. O resto está represado. Não está passando navio”, avaliou Telles, no início da semana.
Embora esteja acostumado a lidar com situações que envolvem índices pluviométricos baixos, o oficial afirmou não ter vivenciado uma situação de seca como a que vem ocorrendo desde 2022.
Segundo ele, é comum, em alguns anos, o rio baixar um pouco mais. E quando isso ocorre, é acionada a Operação Codajás – na qual os profissionais utilizam uma embarcação menor, com meia carga, para facilitar a passagem nos rios e abastecer outra maior –, mas nada que se compare ao atual momento, em que os navios menores não estão conseguindo passar.
“No ano passado, a gente teve, também, o fechamento do rio em duas ocasiões. E nesses fechamentos, utilizamos canais alternativos, que chamamos de paranás. Só que esse ano fechou de vez e não teve canal alternativo. Foi um trabalho muito árduo descobrir um novo canal. Nós passamos quatro dias sondando, avaliando várias maneiras de diminuir o calado”, declarou Telles, ao destacar o trabalho de todos os profissionais envolvidos para o sucesso da operação.
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