Há mais de uma década CSA disponibiliza simuladores de última geração para atualização dos práticos
Práticos são profissionais que dominam o conhecimento técnico de navegação em águas restritas, como portos, estuários e hidrovias, e que possuem informações atualizadas sobre os obstáculos existentes nelas. Com sua expertise, auxiliam os comandantes de embarcações a navegar de forma livre e segura por essas áreas.
Essencial à segurança da navegação, uma praticagem bem realizada reduz os riscos de acidentes, evitando danos aos navios, à tripulação, ao meio ambiente e às instalações portuárias.
Para que os países-membros mantivessem a proficiência dos práticos, em 2003 a Organização Marítima Internacional (IMO) tornou obrigatória, por meio da resolução A 960, a atualização desses profissionais a cada cinco anos. Aprovado pela autoridade marítima brasileira, o Curso de Atualização de Práticos (ATPR) envolve uma série de disciplinas e é gerenciado pelo Conselho Nacional de Praticagem (Conapra).
No Brasil, há 615 práticos qualificados e a cada ano são organizadas 12 turmas de ATPR. Desde 2012, a FHM disponibiliza periodicamente recursos humanos, salas de aula e equipamentos para partes específicas do curso.
No CSA, os práticos têm oportunidade de realizar manobras nos simuladores de passadiço full mission, que se encontram no padrão das normas nacionais e internacionais para treinamento e pesquisa. Os instrutores são escolhidos entre os práticos mais experientes e reproduzem nos simuladores situações de emergência, algo impossível de se fazer num navio de verdade sem acarretar riscos reais.
Durante os exercícios, é treinada a capacidade de decisão do prático junto à equipe de passadiço, formada pelo comandante e seus oficiais, para contornar a emergência e evitar acidentes com consequências graves, como encalhe ou colisão. O treinamento em simulador possibilita ao profissional internalizar procedimentos recomendados, para que seja tomada a melhor decisão no momento certo.
Marcos Vinicius Martini foi o prático instrutor de uma das turmas deste ano. “Os simuladores são ferramentas muito importantes para o nosso treinamento porque conseguimos reproduzir neles situações reais que vivenciamos no dia a dia. Quanto maior o risco criado na simulação, mais eficaz se torna o exercício. Desta vez, fizemos uma entrada com um navio-tanque em lastro, ou seja, sem carga. Para aumentar o grau de dificuldade da manobra, simulamos o cruzamento com um navio que estava saindo da baía e ainda acrescentamos um nevoeiro. Com a baixa visibilidade, forçamos o prático a navegar com auxílio de instrumentos como radar e carta eletrônica. Introduzimos também uma falha na agulha giroscópica do navio, que fornece a orientação. Quando isso acontece, também lançamos mão de meios alternativos para conduzir o navio, como agulha magnética e até recursos de navegação visual. Para que ações assim sejam bem-sucedidas, é preciso treinar, como estamos fazendo”, explica Martini.
Ao longo do treinamento, os práticos se dividem em grupos e se revezam na operação dos equipamentos para realizarem hands on toda a navegação. “Eles mesmos não operam as embarcações, mas precisam desse conhecimento para orientar de forma efetiva o comandante e sua equipe nas manobras. Escolhemos fazer essa parte do curso na FHM porque ela tem os equipamentos mais atualizados e com as funcionalidades específicas de que os práticos precisam. Essa tem sido uma excelente parceria!”, celebra Raimundo Nascimento, gerente técnico do Conapra.
*Texto publicado originalmente na edição de nº 57 da revista Unficar